Lembram-se de Missile Command? Para quem está a ler isto e é do sexo masculino: já fizeram o vosso exame anual à próstata? É que a pergunta inicial tinha um truque: para se lembrarem de Missile Command, que fez 40 anos, já estão em idade de fazer check-ups regulares a essa glândula exócrina do aparelho reprodutor masculino.

O tempo passa mesmo a correr. E até este clássico da Atari, que tem poucos anos a mais que eu, já passou a barreira dos “entas“. Mas existe ainda hoje como uma memória da criação videolúdica do início dos 1980s, uma abordagem arcade que acabaria por dominar grande parte da década.

O meu contacto com o jogo viria uns anos mais tarde, num cartucho multi-jogo da minha famiclone, e que me garantiu umas tardes de desafio. Passados tantos anos pude ter um déja vu com Missile Command: Recharged, uma espécie de edição comemorativa dos quarenta anos da série, e que chegou a 2,99€ a praticamente todas as plataformas, incluindo mobile.

Depois de andarmos a divertir-nos com as mudanças instauradas a outro clássico da Atari com PONG Quest, esperava que esta versão Recharged representasse uma mudança de paradigma em relação ao original. Mas não mudou praticamente nada, com uma ligeira excepção do qual falaremos mais à frente.

Para quem não conhece Missile Command, o seu objectivo é simples: defender a nossa base de um ataque constante de mísseis vindos do topo do ecrã, em ângulos de trajectória diferentes. Neste shoot’em up temos de utilizar as nossas defesas anti-aéreas para interceptar todos estes mísseis e sobreviver o máximo de tempo possível. O que em linguagem de arcada significa obter o máximo de pontuação possível.

Ao primeiro embate com esta versão Recharged senti que o jogo é duro de roer. Não me lembrava de o jogo original ser tão difícil quanto os primeiros minutos me demonstraram, mas segundo o nosso especialista em retro, o Miguel Cruz, isto foi propositadamente implementada nesta nova versão.

O loop simples de jogabilidade deste jogo – que se manteve inalterado para além de um revamp visual que adicionou o já cliché tratamento com neons sobre fundo preto para representar algo vindo dos 1980s – sofreu aqui outra adição mecânica. 

Em Missile Command: Recharged há um elemento de roguelike implementado, de forma simples: depois de sermos derrotados podemos utilizar a classificação atingido como moeda para adquirir novos upgrades, que vão progressivamente tornando o jogo mais fácil.

Melhoramentos que alteram o comportamento das nossas baterias anti-aéreas, tornando os nossos mísseis mais rápidos, o reload mais eficaz, entre outras coisas.

Missile Command: Recharged é uma versão que mantém o feel do jogo original, e por isso economicamente acessível. Não sei se este clássico tem baterias apontadas para ganhar um público novo, ou se o seu alvo são os jogadores que conhecem o jogo de trás para a frente. Mas para esses é uma forma interessante de revisitarem um dos mais emblemáticos clássicos de arcada da Atari.