
Gosto de jogos freaks, daqueles cuja mera descrição é suficiente para deixar qualquer pessoa a olhar incrédula pelo chorrilho de coisas sem-sentido que aparentemente estou a dizer. Esta sensação foi exactamente o que senti recentemente ao explicar ao Rui Parreira no nosso podcast o que raio é Fight Crab.
Este que é o mais recente filho do estúdio indie japonês Calappa Games, que nos tinha brindado com delícias bizarras subaquáticas como Neo Aquarium e Ace of Seafood, dois jogos que cobrimos aqui no Rubber aquando do seu lançamento. A temática aquática permanece. Gostava de saber se por acaso os seus criadores têm algum negócio paralelo de marisqueira, ou se isto é tudo amor pelo marisco.
Mas como descrever Fight Crab numa espécie de elevator pitch? Imaginem ARMS, mas no lugar dos personagens criados pela Nintendo, temos crustáceos. Podemos controlar as tenazes e as suas patas dianteiras com os analógicos correspondentes, e o movimento, lateral, mas não só, até pode ser automatizado com um ligeiro toque numa direcção.

Mas não é só a ARMS que este Fight Crab vai buscar inspiração, mas também a Super Smash Bros., já que a nossa vitória perante os outros crustáceos nossos adversários não é feita através do desgaste de uma barra de vida, mas sim da percentagem de dano desferido, e o quão mais provável é conseguirmos virar o outro caranguejo de patas para o ar. E deixá-lo assim por 3 segundos em que ele recupere, a adicionar elementos de wrestling à refrega.
Mas para quem possa achar que existe limitação de conteúdo neste jogo, rapidamente vai perceber que isto não é bem assim. Começamos num ambiente de praia, com caranguejos a virem das rochas para nos defrontarem, mas o jogo rapidamamente nos mostra a escala verdadeira dos nossos crustáceos ao colocar-nos a lutar em ambientes variados. Quando nos vemos a lutar pelas ruas de uma cidade é que percebemos que somos colossos crustáceos, daqueles que fariam uma salada de marisco que dava para alimentar um prédio inteiro.

Os bosses são igualmente surpreendentes, e diversificados, e acreditem que nem vou incorrer no preconceito de dizer que os caranguejos parecem todos iguais. É claro que o facto de armas começarem a fazer parte do arsenal de ataques tornam este jogo ainda mais bizarro, mas igualmente interessante.
Com muitos caranguejos diferentes para comprar, cada um com as suas estatísticas próprias, há muito conteúdo para além do modo de campanha, e do grind de XP e dinheiro.
Mas há sobretudo um jogo de luta único, surreal na abordagem, mas que acaba por garantir-nos muitas e muitas horas de diversão, com os caranguejos mais poderosos de todo o universo dos videojogos.













