
As superstições e o folclore dizem que alho, a água benta e um crucifixo conseguem afugentar vampiros. Para o Rui Parreira basta usarem as palavras roguelite ou roguelike, com a pequena excepção de Hades. Tudo o resto é vê-lo a correr a sete pés.
Depois de jogarmos um jogo de Solitaire com elementos de roguelike, a dúvida permanecia: a que géneros falta adicionar estes elementos tão na moda? A gamigo veio responder-nos a essa pergunta: tactical turn-based strategy games. E apresentou-nos Atlas Rogues, o sucessor do defunto Atlas Reactor e uma reinterpretação das suas ideias.
Depois de terem tentado durante algum tempo criar um jogo do género mas focado no PVP com Atlas Reactor (que foi encerrado em Junho de 2019), os seus developers pensaram que a resposta para o jogo que criaram seria transformá-lo num jogo single player PVE.

Do ponto de vista narrativo, Atlas Rogues é perfeitamente superficial, e nem tenta ser outra coisa. À excepção da sequência inicial que nos dá o contexto para o que estamos a fazer, tudo o resto é-nos apresentado em forma de diálogo, mas sem grandes preocupações em transformar este jogo numa pérola do storytelling.
Em Atlas Rogues somos viajantes no tempo com a missão de vir ao passado (que é o nosso futuro) impedir a fusão de um reactor nuclear e a catástrofe que se lhe seguiu. Temos uma série de missões que envolvem obter as chaves do reactor, e temos um tempo (real) limitado para o fazer.
Com evoluções e elementos desbloqueados de forma permanente, os criadores de Atlas Rogues olham para os 4 freelancers que compõem a nossa party como uma geração. Durante uma missão, se um destes freelancers morrer, é ressuscitado antes do próximo nível. Se houver um TPK (Total Party Kill, em linguagem de pen and paper RPG) é que perdemos a nossa progressão e temos de reiniciar a nossa tentativa de salvar o mundo. Os 4 heróis enviados são outra geração dos freelancers, versões de uma realidade alternativa daqueles que morreram da nossa anterior run. O jogo ajusta uma nova deadline para conseguirmos cumprir a missão de salvar o mundo.

Quem vir imagens de Atlas Rogues sem contexto vai julgar que se trata de mais um arena shooter PVP a seguir no encalço de Overwatch. Os mais desatentos julgarão até que é um jogo da Blizzard, um spinoff do seu célebre FPS tal é o decalque da sua direcção de arte. Mas não. Atlas Rogues é até uma excelente premissa para um tactical turn-based strategy game.
Ainda em Early Access, entristece-me a limitação das missões que têm pouca diversidade para além de matar tudo e sobreviver. Porém, percebemos já os direccionamentos estratégicos deste jogo com cada personagem a ter um número de habilidades distinta, obrigando-nos a aplicar táticas diferentes na sua utilização individual.

O conteúdo ainda é limitado mas as componentes de estratégia táctica já estão perfeitamente definidas, bebendo da fórmula do género. A aplicação de elementos de roguelike da forma como foram trazidos parece-me uma forma inteligente de estender a longevidade de um jogo do género com uma tremenda superficialidade narrativa e de objetivos. Veremos o que será Atlas Rogues quando for lançado de forma definitiva, e se será uma boa resposta a todos os fãs do género que aguardam ansiosamente por algo que agite as fundações dos jogos de estratégia táctica.













