Potion Craft: Alchemist Simulator é um jogo que se encaixa no género time management uma ramificação de jogos de estratégia. Um género que tem sido dominado por jogos casuais como por exemplo Diner Dash ou Cooking Mama entre outros.

A temática é a alquimia: uma pratica antiga que terá tido origem na Mesopotâmia e que foi evoluindo e sendo praticada sobretudo na Antiga Grécia e Roma Antiga, sendo o jogo inspirado naquela praticada na Idade Média com um cunho mais fantástico que todos nós conhecemos em obras fantásticas como Senhores dos Anéis ou em Role Playing Games.

A prática da alquimia tem como base muitas crenças esotéricas e superstições, numa mistura de misticismo e experimentação com matérias, desde plantas, minerais e matéria de origem animal.

Esta profissão antiga é ainda fantasiada e praticada no nosso tempo: no campo da literatura Fantástica foi criado o mito que o principal objetivo seria a transmutação de metais comuns para outros mais nobres como o ouro, encontrar o elixir da longa vida ou até poções de amor e morte.

Na prática ao longo dos tempos a profissão misturou-se com outras culturas e experiências milenares, estas sempre com sentido prático e religioso, onde a população procurava ajuda nos seus praticantes seja para obterem chás e unguentos que tratassem maleitas, feitiços para afugentar amos olhados, ou simplesmente apaziguar as forças sobrenaturais.

Isso criou muitos mitos dos quais conhecemos o exemplo também ele muito fantasiado, o dos Druidas ao qual reconhecemos nas obras de Astérix, ou os Magos como Merlin e Morgana das crónicas Anglo-Saxónicas Medievais e mais recentemente já no século XX, Gandalf da Triologia d’O Senhor dos Anéis e O Hobbit de J. R. R. Tolkien.

Em Portugal e na Europa no fim da era medieval a profissão de alquimista já estava a cair em desuso, não apenas pelas perseguições da Santa Inquisição mas pelo inicio do Renascimento. Muitos dos seus praticantes começam a abandonar os preceitos mais supersticiosos e adoptam a doutrina cientifica da experimentação tornando-se o protótipo da ciência, nascendo assim os princípios da farmacêutica e química moderna.

Cito alguns famosos alquimistas da História: Roger Bacon que esteve algo à frente do pensamento do seu tempo no século XIII já começava a usar o pensamento empírico e o método cientifico ocidental, muito por culpa da busca de conhecimentos filosóficos e científicos do mundo árabe que na altura eram perigosos no mundo cristão. Georg Agricola, é conhecido com o pai da mineralogia pois através da observação cuidadosa dos minérios descobriu as suas propriedades e aplicações utilitárias. Paracelso, foi considerado um dos primeiros botânicos e é também creditado por dar o nome a um metal hoje muito usado, o zinco. Bartolomeu de Gusmão era também alquimista, cientista e inventor. Conhecido pelas experiências com balões e a famosa Passarola!

Como o próprio nome indica em Potion Craft, somos um alquimista, e temos de ganhar a nossa vida a vender poções para os mais diversos efeitos. Para isso temos que colher plantas, fungos, minerais etc, para fazermos as poções mais básicas teremos que fazer misturas num pilão e colocar num caldeirão como se uma sopa se tratasse.

Cada ingrediente que usamos tem uma natureza diferente e é essa sua natureza que vai ditar o seu efeito nas misturas que experimentarmos.

A teoria é baseada nos princípios básicos da alquimia magnum opus e vamos ver muitos termos relacionados, como por exemplo o albedo que significa esbranquiçado e precedido pelo estado nigredo (morte espiritual), e sucedido pelo citrinitas (despertar) e rubedo (iluminação).

O jogo vai-nos mantendo ocupados com diversas tarefas sendo a principal fazer algum dinheiro para podermos não só comprar mais materiais como também atualizar a nossa mesa de alquimia e destilação, comprar folhas para registar as poções que vamos descobrindo e até comprar receitas a outros alquimistas. Ficamos a viver numa cabana abandonada onde viveu outro alquimista e que deixou equipamento, temos então de o recuperar e atualizá-lo, e esta é a tarefa que nos fará progredir no jogo.

O jogo tem diversas áreas, um delas a floresta onde podemos recolher os principais ingredientes paras poções, a cave onde se encontra a destinadora e a “cozinha” onde temos o nosso caldeirão, manuais e a estante dos ingredientes.

A produção de poções consiste numa mecânica-visual representada por uma espécie de mapa que nos leva a vários caminhos, alguns vão dar a lugar nenhum, outros permitem-nos encontrar novas fórmulas, e para isso teremos que misturar os ingredientes. É um sistema simples e básico que requer além de tempo a tentativa e erro, aqui não há necessidade mais intelectual de resolver problemas como acontece noutros jogos que usam elementos de puzzle.

Por fim e não menos importante temos a Vila onde nos dirigimos para vender poções ou comprar ingredientes. Seremos visitados regularmente em cada turno diário por camponeses, nobres, monges e até outros alquimistas, uns pedem-nos algo para simples dores de barriga, outros pedem algo para matar pragas, os mais complicados pedem poções magicas para derrotar dragões entre outros.

Pouco mais há a falar sobre eu jogo, que ainda está em acesso antecipado e espera-se que receba mais conteúdo. A nível de aspeto está estilizado com arte tipo medieval, o ambiente sonoro é agradável e nada monótono e é um jogo muito leve feito em Unity. Custa 12,49€ no Steam e no estado atual já compensa a sua compra se procuram um jogo para relaxar.

Só tenho pena de não estar disponível em dispositivos móveis, a mecânica do jogo e natureza casual é o ideal para jogar num tablet ou smartphone. Quem sabe um dia ele chegue ao mercado mobile.