
Volta e meia acordo a meio da noite, a imaginar que poderia estar a dormir num colchão recheado a notas de 100€ se o nosso whodunit multiplayer online que andámos a tentar vender em 2015 tivesse tido um mínimo de crença da maioria das editoras, antecipando por anos o sucesso que Among Us viria a ter. Esta última frase não é verdade, até porque não tenho por base perder tempo em cenários “o que poderia ter sido” da minha vida. Sigo a linha actual onde estou e o resto é conversa.
Dentro da tendência de produções que ainda hoje tentam repetir o sucesso de Among Us no campo dos jogos de dedução social online temos um indie lançado a 25 de Março de 2025, Castle of Blackwater que tenta diferenciar-se pela temática onde tudo decorre. Desenvolvido pelo estúdio homónimo ao jogo, está disponível no Steam por com um preço de lançamento de 6.99€.

Ao velho estilo assimétrico do Lobo da Aldeia Velha mas levado um pouco mais longe, em Castle of Blackwater, que pode ser jogado por até 15 jogadores, sendo que estes são divididos aleatoriamente em três facções.
Os Protectors que devem completar tarefas (normalmente pequenos mini-jogos) e aos poucos identificar os membros da facção oposta. Os Satanic que estão focados em sabotar e eliminar os Protectors, utilizando habilidades especiais e comunicação secreta, e fazendo uso de forma enganadora do chat de texto e de voz de proximidade que foi implementado neste jogo. E por último, os Forgotten: uma espécie de lobisomens com objectivos únicos, e que podem cooperar ou sabotar outras facções dependendo das suas metas individuais.

Castle of Blackwater alterna entre ciclos de dia e noite, influenciando as acções disponíveis para cada facção. Durante o dia, todos os jogadores realizam tarefas e discutem as suas suspeitas, mas é à noite, sob o manto difuso da escuridão, que os Satanic podem agir mais livremente, enquanto os Protectors tentam-se proteger e recolher informações sobre a fidelidade de cada jogador.
Assuminos personagens disintos com habilidades activas e passivas únicas, como transformar-se em lobisomem, silenciar adversários ou mesmo a capacidade de ler mentes, e é esta diversidade que vai tornando cada partida diferente da anterior.

Na tentativa de manter o loop mecânico fresco, Castle of Blackwater oferece-nos mais de 30 mini-jogos baseados em habilidades, que vão desde cortar vegetais até a acender velas em desafios de memória musical. Para além disso temos mais de 200 itens de personalização dos nossos personagens, incluindo armas, escudos e emotes.
Curiosamente, do que vi de entrevistas dos seus criadores, a génese deste Castle of Blackwater até é distinta do que esperaria de um jogo indie: ele serve como aparato que permita explorar, e encontrar uma forma de ter um jogo Web3 tecnicamente aprovado pelo Steam, mas parece-me que até agora essa camada, pelo menos na plataforma de Gaben, se encontra ausente.

Apesar das boas ideias e da diversidade aplicada a um jogo como este, o grande problema que encontramos em Castle of Blackwater é aquele que encontraremos na grande maioria dos jogos online, especialmente os indie: a falta de jogadores online com quem fazer partidas. O que é uma pena, porque sinto que os seus autores quiseram ir muito, muito mais longe criativamente do que meramente ser uma cópia de Among Us.













