Um conjunto esquisito de circunstâncias mais comum do que se pensa, fez com que acabasse por jogar o demo de Ritual of Raven em vez do jogo completo, mas mais vos digo, se alguns dos problemas se mantiverem na versão final, é dos conceitos mais interessantes que vejo, que serão arrasados na sua implementação.
Não é normal o Querido Líder me mandar farming simulators, por norma acaba por jogá-los todos, nem que o conceito e qualidade não lembrem ao segurança da Feira da Ladra, portanto das duas três, ou já tem 20 chaves dele que arranjou no Indie X ou agora na Gamescom, ou sob a ameaça de andar atrás do rapaz da agência de Realações Públicas durante 12 horas só a dizer “Two”, ou simplesmente não tem tempo. É de conhecimento público que não tem nada para fazer, por isso estou inclinado para a hipótese da ameaça.
Desconfiei porque o jogo me pareceu interessantito. Coloquem de parte que há uma história, porque costuma sempre haver. Em Ritual of Raven envolve raptos, portais, humor e um corvo. Esperava chegar à parte do louro prensado, mas hei, demo!
Este interesse, infelizmente, não se mantém, e muito menos cresce ao longo deste demo, já que a estrutura de missões oferecida pelos personagens que vamos encontrando, e sim, sei que procuram funcionar como um tutorial, são simplesmente fetch quests com pouco interesse, tomando um lugar secundário no avanço da história. Esta falta de interesse não torna por si o jogo mau, isto não é, de todo, anormal, são as irritaçõezinhas que me deixam já com vontade de falar mal de tudo.
No meio de algumas mecânicas muito mais habituais, a pièce de résistance de Ritual of Raven é que não somos nós que faz a lide da terra. A agricultura é feita por constructs, caldeirões autómatos que programamos para executarem todas as acções necessárias às culturas, através do emprego de cartas com movimentos ou acções. Uma combinação bem esgalhada de progamas que podem ser salvos, e da brilhante ideia de ter a carta de crescimento “instantâneo” et voilá, crescimento praticamente infinito apenas com um clique. Rápido, prático, eficaz.
Agora, imaginem que não funcionava bem? Pois, não funciona… quer dizer, funciona bem, mas da maneira errada, excepto quando funciona da forma certa, porque por vezes dá da forma certa, mas a seguir já não dá, o que nos leva a ter de fazer tudo da forma errada para chegar ao mesmo ponto.
Isto muda muito? Num demo sim, imenso, já que a parte mais chata é criar as programações que mudariam de uma acção por cada campo, para uma acção por cada quadrícula à qual posteriormente há que adicionar um programa apenas para deslocar o nosso caldeirão para o local onde o queremos, e recomeçar, criando linhas de programação simples, mas desnecessariamente longas e aborrecidas.
Qualquer coisa não está a encaixar, porque há momentos em que tudo corre bem, e não percebo porque os bonecos por vezes não funcionam. Seja. Siga, mas digo-vos, sei que a longo prazo isto não interessa para nada, mas durante as horas que joguei só dizia que acabava tudo mais rápido se fosse eu a fazer manualmente.
Está mais que visto que a Spellgarden Games não quer saber se é fácil para nós conseguirmos dinheiro, apenas quer que a malta se divirta, e adoro isso. É fácil conseguir dinheiro. Somando as plantações praticamente infinitas se nos predispusermos a programar para isso, ainda há um minijogo de “pesca” que também é lucrativo.

Esta interface já foi actualizada, deixei para ficar uma ideia de como funciona a programação.
As personagens não são propriamente interessantes, nem a história é daquelas que me faz desejar ir jogar o jogo completo, mas tudo é aceitável e dinâmico.
Algo que também espero que melhore é a performance, já que não há qualquer razão evidente para existir tanto saltinho de frames no meu computador.
Espero que Ritual of Raven não seja prejudicado por este demo, até porque a maioria das pessoas nem os joga. Há tanta coisa gira nele, que acrescenta valor e criatividade dentro deste género que tantas vezes parece estagnado, que secretamente me vejo a desejar que o jogo tenha sucesso. Se depender desta amostra, não terá.