(enquanto lêem, ouçam esta grande música da enorme Sandra Cretu, que muitos conhecem apenas como a vocalista dos Enigma)
Não é de propósito que depois de terminar a análise ao surpreendente F1 2020 que aproveitei o embalo (ou a aceleração) para escrever sobre o outro jogo de corridas que aqui tinha pronto para análise.
É possível que o confinamento, e o facto de que apenas conduzi umas 7 vezes desde que a pandemia começou me esteja a fazer ter um apreço diferente por estes jogos de condução, mais ou menos a mesma sensação que eu tenho quando jogo tycoons e tenho a conta bancária recheada. Os videojogos são escapismo, não são?
À vezes ponho-me a pensar se a sensação de estranheza que um estadunidense deve sentir ao ver a dimensão do futebol em quase todo o mundo se será igual à nossa estranheza quando olhamos para desportos “americanos”, nomeadamente a verdadeira febre que é o Nascar. No meu caso, como não sou fã de desporto automobilístico, o meu contacto com NASCAR começou mesmo com a versão 2000 na PS1.
Nascar Heat 5 é a mais recente iteração nas adaptações feitas pelo estúdio 704Games, num histórico praticamente anual de traduzir um dos principais desportos automobilísticos para a versão videojogo.
Mas, e relembrando que a eito estive de volta de dois jogos de corridas de duas franquias diferentes, tenho de admitir que a margem de inovação deste Nascar Heat 5 é praticamente nula, limitando-se a fazer ligeiros tweaks aos seus antecessores.
Se isso é mau sinal? Não. Mas também não acho que seja argumento suficiente para que alguém vá a correr comprar esta versão de 2020.
Mas será que um jogo ser “meramente” competente é mau sinal nos dias de hoje? O facto de não inovar, de quase se limitar a continuar a senda de adaptações que vão de interessantes a medianas desta prova de automobilismo?
É que no principal, seja o handling e o comportamento dos diferentes modelos de carros, Nascar Heat 5 porta-se muito bem. Até no feedback da condução e a sensação trazida pelos efeitos de terreno, são suficientes para imputarem a todo o sistema de condução uma aura de credibilidade que qualquer simulador almeja em atingir.
Como não poderia faltar, o Modo Carreira marca o seu regresso, novamente com a possibilidade de criarmos um nome na competição através do nosso piloto ficcional. É claro que em comparação com as excelentes adições que o modo carreira sofreu no jogo de corridas que jogámos imediatamente antes deste, Nascar Heat 5 acaba por perder por se limitar a fazer algo que nos dias de hoje é pouco mais que um lugar comum do género.
Para quem, como eu, que tem companhia em casa para partilhar videojogos, Nascar Heat 5 é dos poucos sobreviventes do género que nos agracia com multiplayer com ecrã dividido, o que fez aqui uma grande diferença durante o período em que o estivemos a testar. E o meu filho pôde finalmente ver num jogo contemporâneo aquilo que todos nós que crescemos com videojogos nos habituámos.
A definição visual de Nascar Heat mantém o mesmo patamar de qualidade do seu antecessor, com uma direcção artística que em alguns detalhes se afasta do realismo para criar efeitos visuais mais distintivos, e que resultam no compto geral.
Nada é verdadeiramente inovador neste Nascar Heat 5, ainda que este seja competente em tudo o que faz. Compreensivelmente este pode não ser argumento para que a maioria invista nele em dia 0 – como seria o meu caso, não o tivesse recebido para análise – ainda que esteja convicto que os mais acérrimos fãs da modalidade já o têm e mal o desligaram.