É curioso que o timing, nos primeiros meses de pandemia, coincidiu com uma série de lançamentos que ajudaram a minimizar o impacto dos confinamentos, e de todo o medo que circundou a falta de informação sobre a doença.

Já nem vou referir o Animal Crossing e a importância que teve, mas falo por exemplo dos muito co-op indie games que mantiveram a proximidade lúdica das pessoas que, como eu, tiveram a sorte de passar os confinamentos na companhia física daqueles que mais amam.

Já conhecia This Means Warp por ter sido um concorrente do Indie X que infelizmente não chegou a ser finalista. Um jogo interessante que, na minha opinião, teria tido uma receptividade e abertura do mercado diferente tivesse saído 1 ano mais cedo, em pleno pico da pandemia, onde todos os jogos cooperativos locais eram mais que bem-vindos.

Cumprindo a oportunidade que nós tivemos quando seleccionámos os finalistas da edição anterior do Indie X, desde dia 17 de Março que qualquer pessoa pode jogar This Is Warp em Early Access no Steam. E podem fazê-lo de uma forma que nós não pudemos: é que se há algo que beneficia jogos indie como estes é o programa Remote Play Together do Steam, que permite que apenas uma pessoa tenha o jogo mas que possa partilhar em cooperativo com os amigos.

Para quem jogou Overcooked ou Moving Out, This Means Warp é perfeitamente auto-explicativo. Um jogo indie onde temos de coordenar com até mais 3 pessoas (mas podemos jogar sozinhos) para tentar levar uma nave espacial ao seu destino. 

Para isso temos diversos personagens com skills similares em velocidade, mira e capacidade de reparações. Elementos importantes visto que neste universo proceduralmente gerado vamos passar muito tempo a combater com outras naves, e para isso precisamos de, e desculpem-me o anglicismo, all hands on deck.

Apesar de começármos com uma nave simples, vamos tendo a possibilidade de a melhorar, em termos de armamento, defesas e comunicação. A eficácia de cada uma das salas difere entre os automatismos ou de estar um jogador presente a controlá-la. Controlarmos alguns dos canhões, traseiros, laterais, ou dianteiros, é diferente de deixarmos a IA combater por nós.

À medida que os combates se vão dificultando, também a nossa capacidade de nos articularmos entre o controlo das diversas secções da nave e a nossa capacidade de as reparar entra em avaliação.

O timing da reparação importa, e é aqui que entra o elemento de roguelite das nossas viagens: temos apenas uma pequena janela de tempo para reparar de forma eficaz as partes da nossa nave. Ultrapassada essa janela existe dano que fica permanente e que não pode ser reparado, obrigando-nos a fazer a travessia pelo espaço sideral com a nave danificada.

Pelo caminho há alguns mini-jogos que nos recompensam com partes de nave, mas sobretudo aquilo que This Means Warp nos demonstra é que é possível levar as ideias que os grandes indie co-op games nos têm trazido para outros ambientes, mesmo que esses mesmos ambientes sejam, por exemplo, batalhas espaciais em que temos de nos coordenar para gerir uma nave espacial em pleno combate.