
Caça ao Indie #307
Só no outro dia a ver um novo bundle do Humble Bundle é que descobri o termo. Boomer Shooter. Um novo subgénero que quer representar os FPS inspirados na vaga de jogos tridimensionais dos 1990s, como DOOM e Quake.
E bem sabemos que este revivalismo com retro FPS tem sido uma tónica, e é a dois desses exemplos que vamos dedicar este artigo.
Nightmare Reaper [PC]

Recém-lançado no PC pelo estúdio canadiano Blazing Bit Games, depois de 3 anos em Early Access, Nightmare Reaper vai mais longe do que ser apenas uma homenagem moderna aos FPS com o qual todos crescemos.
Ao contrário de muitos boomer shooters (admito que ainda me estou a habituar ao termo), Nightmare Reaper conta-nos uma história interessante, escondida sob toda a violência na primeira pessoa. Somos uma doente psiquiátrica que acorda no seu quarto, com a porta destrancada. Assim que saímos para o corredor percebemos que estamos numa espécie de pesadelo em que o mundo está repleto de demónios que nos querem eviscerar.

Cada nível neste shooter com elementos rogue-lite acaba por ser uma noite de pesadelo. Quando passamos o nível, acordamos no nosso quarto com o nosso ficheiro médico actualizado. Esta é a forma de irmos tendo informações sobre o enredo: o que está por trás de toda a violência e loucura deste jogo.
Ao passar a porta do nosso quarto há um novo nível, um novo pesadelo e muitos inimigos, tesouros, interruptores e portas para interagir. E em cada inimigo morto moedas que podem ser gastas em melhorias da nossa skill tree e armas com habilidades distintas. No final de cada pesadelo podemos manter apenas uma das armas que apanhámos, e podemos ainda gastar as indicadas moedas em em mini-jogos que, entre outros, lembram os mapas do Super Mario Bros. 3. Uma ideia interessante e distinta que por vezes se torna aborrecida, no loop mecânico de um FPS shooter violento e dinâmico.

Nightmare Reaper quer ser mais do que uma simples homenagem a um género e um período temporal. E consegue-o.
KINGDOM of the DEAD [PC]

Continuando a tónica de jogos que homenageiam esse período que muitos definem como dourado dos FPS, a era em que DOOM, Quake, Duke Nukem e Hexen dominavam as atenções e os tops de vendas, temos KINGDOM of the DEAD, desenvolvido pelo estúdio Dirigo Games, do Maine, EUA.
Ao primeiro contacto é impossível não ficar embasbacado com a proposta de direcção artística, e o quão bem ele funciona em quase todos os momentos. KINGDOM of the DEAD é um jogo monocromático, em que as texturas relembram simultaneamente xilogravuras, águas fortes, mas também a expressão da banda-desenhada a preto e branco. Os hatchings e cross-hatchings ajudam a submergir-nos no seu ambiente aterrador.

Somos o Agente Chamberlain, de uma divisão secreta queque combate a Morte no Séc. XIX, e os seus enviados infernais para a nossa dimensão. O objectivo final é, aliás, derrotar a Morte, destruindo-a do seu trono sobrenatural, acompanhados da nossa espada macabra e consciente, com um olho junto à guarda, que nos vai guiando pela aventura.
Para isso vamos percorrer uma série de níveis com um desenho de arena, apanhando novas armas e munições para derrotar todos os monstros que o jogo nos vai atirando.

O ambiente monocromático que é intercortado por apontamentos vermelhos do sangue dos inimigos é um dos grandes pontos de venda de KINGDOM of the DEAD, mas acaba muitas vezes por nos dificultar a distinção dos inimigos à medida que estes correm na nossa direcção.
O único problema de KINGDOM of the DEAD é que rapidamente sentimos esgotar-se o apelo do seu visual, e a repetição de toda a acção em cada nível tornado arena se torna demasiado evidente.













