É quase impossível reinventar a roda, mas o que é difícil mas alcançável é melhorá-la, evolui-la ou até usar vários materiais para ver o que dá. É isso que acontece com Young Souls. No seu cerne, um beat’em up horizontal ao estilo de clássicos como Streets of Rage ou Final Fight mas com vários aspectos que o renovam e colocam num patamar elevado de qualidade.

 

Usando alguns clichés de videojogos como protagonistas órfãos e uma invasão de um reino sobrenatural ou semelhante, Young Souls consegue dar-nos uma perspectiva renovada do clássico em vários aspectos. Começando pelo visual 2D altamente estilizado, quase urbano que muitas vezes parece fora de contexto mas por alguma razão consegue apresentar uma apresentação coesa e bem bonita. Tudo tem a sua identidade, em especial os personagens que apesar da sua ligação têm aspecto próprio. Essa identificação consegue ser vista nos diálogos de Tristan e Jenn, que podem ser um pouco extremos demais mas não são mal escritos, são um pouco juvenis demais para mim mesmo tentando enquadrá-los nos seus interlocutores. Curiosamente, não estava à espera de empatizar tanto com os argumentos e personalidade de alguns dos vilões do jogo. Chegando a pensar às vezes “olha… até tem alguma razão para o que está a fazer” mesmo assim, levaram porrada e acabei com eles. O que nos leva ao combate.

Tendo jogado sozinho, não sei como funciona o sistema com duas pessoas, o sistema a solo é muito bom já que nos permite alternar entre os dois irmãos aproveitando isso para explorar dois estilos de jogabilidade diferente usando os vários equipamentos que o jogo nos dá. Saltando de jogo principal para overworld, podemos explorar lojas para comprar equipamentos melhores, treinar e avançar na história podemos tentar equipar um personagem com um escudo e uma espada para ter um estilo mais equilibrado entre defesa e ataque, enquanto o outro pode estar equipado com uma arma de duas mãos para dano maior ou duas armas para ataques mais velozes. As escolhas de tipos de ataque e defesa com armaduras são enormes quando combinamos às várias possibilidades de caminho no jogo, temos uma camada de RPG que dá a este beat’em up mais do que eu estava à espera.

Algo refrescante é que os criadores permitem que a qualquer momento se altere o nível de dificuldade do jogo, permitindo que se querem passar uma secção mas têm uma vida ocupada que não vos permite gastar horas de treino mas querem seguir a história, podem reduzir. Estão a achar fácil demais porque treinaram e já apanharam os ritmos e ataques dos bosses? Subam a dificuldade. Young Souls foi feita para ser desafiante e divertido ao mesmo tempo, sem manias nem medalhas de “superior gamer”.

Se já ouviram dizer que alguém tem uma alma velha, como se apesar da idade já tivessem anos de sabedoria em cima Young Souls não está muito longe disso, está suportado nos ombros de titãs e vai buscar a sua energia aos seus antepassados modernizando-a, correndo o risco de colocar os personagens Jenn e Tristan nos top de gémeos de videojogos na companhia de Jacob e Evie Frie, Dante e Vergil entre outros.

Podem encontrar Young Souls nas plataformas principais do mercado e está incluído no XBox Game Pass.