A série de TV Peaky Blinders é possivelmente a melhor série que eu tenho “parada” na actualidade. Começámos a ver há cerca de 4 meses, mas fruto dos hábitos actuais dos serviços de stream, a continuação desta série da BBC que está disponível no Netflix acabou por ser relegada para segundo plano em detrimento de outra série qualquer. E outra, e outra a seguir a essas, até que esta série livremente baseada na gangue com o mesmo nome que controlou o submundo de Birmigham no início do século passado acabou por ficar esquecida.

Receber uma versão de antevisão de Peaky Blinders: Mastermind despertou em mim duas surpresas. A primeira a de perceber que o sucesso crítico da série de TV é tal que motivou uma adaptação a videojogo, e a segunda é que só o mero facto de esta adaptação existir foi motivo suficiente para querer dar continuidade ao visionamento da criação de Steven Knight.

Nesta versão de antevisão de Peaky Blinders: Mastermind para PC (o jogo vai sair para todas as plataformas actuais) temos 3 missões disponíveis, que apesar de não revelarem tudo aquilo que conseguimos descortinar pelos trailers do jogo, deixam já perceber a maravilha de jogo de estratégia que aqui temos.

Sei que muita gente desejaria um mundo aberto no universo de Peaky Blinders, como até o The Godfather já teve, mas garanto-vos que este jogo que nasceu da influência do que de melhor os Pyro Studios fizeram (e que ainda há um mês teve um peso pesado do género a chegar ao mercado, Desperados III) prova que há espaço, vontade de criar, e ainda maior gosto em receber jogos de estratégia em tempo real cuja acção se desenrola em formato de puzzle.

A direcção de arte inspirada na série, ajusta-se na perfeição, especialmente pela óbvia expressão art déco que encaixa no período temporal da história. O estúdio FuturLab criou todo o seu jogo com esta ligação visual aos actores e personagens da série, o que por um lado lhe confere um elemento adicional para todos os fãs, e por outro uma coesão visual interessante que se torna apelativa para aqueles que nunca contactaram com Peaky Blinders.

Ao contrário de outros jogos como Shadow Tactics ou mesmo Desperados, as capacidades únicas dos nossos personagens são menos direccionadas para eliminar ou anular os adversários, mas sim de conseguir que os Shelby consigam levar os seus objectivos em frente.

Com ampla ligação às características dos personagens da série, é interessante ver a sua transposição para habilidades mecânicas de videojogo. Tommy consegue intimidar NPCs, permitindo-nos controlá-los por alguns segundos, enquanto Ada distrai os inimigos e muda-lhes o cone de visão, ao passo que Finn consegue passar por lugares pequenos. Os trailers ainda demonstram a capacidade de Arthur no combate físico, e de John de “brincar” com o fogo, enquanto Polly suborna polícias e abre cadeados.

Sendo este jogo sobretudo um puzzle adventure game, é interessante sentirmos o desafio que cada missão/puzzle representa na nossa definição táctica de utilização das habilidades dos personagens.

Peaky Blinders: Mastermind tem uma mecânica de controlo do tempo interessante. Na base do ecrã existe uma timeline curiosa (todos os que estão habituados a editar vídeos ou audio vão identificar esta barra com aquela que têm nos vossos softwares) onde estão marcados pontos-chave de acção dos nossos personagens. Livremente, sem qualquer custo, podemos avançar ou recuar no tempo para tentar resolver o puzzle. 

Esses pontos-chave permanecem inalterados para os personagens que não estamos a controlar, ou seja, para alterarmos por completo a estratégia com todo o nosso elenco temos de redefinir planos de acção para todos.

Peaky Blinders: Mastermind é um excelente jogo de estratégia táctica, ou puzzle adventure se lhe quiserem chamar. É uma brilhante tradução do ambiente e das pedras basilares da série, e são uma aposta num género que parecia esquecido, mas que tem tido excelentes jogos a chegar ao mercado.