O último Call of Duty (doravante COD) que joguei foi o 2. Já lá vão uns anitos jeitosos. Nessa altura raramente jogava algum jogo perto do lançamento. Ou jogava alguns anos depois quando já estavam bem mais baratos, ou quando apareciam aquelas cópias mais simpáticas… winck, winck. Na altura costumava jogar Medal of Honor, que era para mim superior, especialmente quando comparado com o primeiro COD, que tinha controlos esquisitos e graficamente não era nada de especial.
COD 2 foi um step up enorme quando comparado com o primeiro. A maneira como os mapas estavam dispostos permitiam múltiplas abordagens durante a campanha, campanha essa que era construída como o core do jogo. Era essa a razão pela qual se compravam os jogos. Já estava a mudar, mas ainda não se perfilava no horizonte um jogo deste calibre em que a campanha era um modo acessório para a esmagadora maioria dos jogadores. Histórias importantes, momentos significativos e, duma forma geral, uma campanha longa tornaram COD 2 o meu FPS militar preferido na altura.
Quando o joguei já trabalhava, pouco tempo depois mudei-me e jogar passou a ser uma actividade ainda mais casual que anteriormente. Perdi completamente a noção do que andava a acontecer com a franquia até ter começado a escrever para a Hyped, altura em que comecei a prestar mais atenção não só ao que jogava, mas também às notícias do mundo dos videojogos.
Duma forma geral as novidades da franquia não eram animadoras. Por vezes lá aparecia um COD que era bom, mas mesmo esses nem sempre eram pela campanha, mas sim a componente multijogador que fazia a diferença.
Desta forma chego agora ao verdadeiro início do artigo. Tinha COD: WW II no Steam, mas nunca tinha jogado. Porque não ir ver o que o jogo se tinha tornado? Tinha uma vaga ideia que o jogo não era bom nem mau. Feito por uma parceria entre a Sledgehammer Games e a Raven Software sempre foi classificado como sendo consistente, mas não memorável. Era isso mesmo que procurava, uma ideia mais ou menos representativa do que esperar da franquia.
Feito em 2017 ainda se apresenta como um jogo recente, graficamente a puxar forte pela minha 1070, e nem sequer pude carregar muito na qualidade. Há que admitir que o jogo é bonito. Pontuado por alguns momentos de cinemática bem conseguidos e realistas que introduzem cada novo capítulo da história, COD: WW II ainda é capaz de fazer inveja a muito jogo actual.
Não tive problemas de frames após encontrar as definições gráficas adequadas, apenas é bastante notório que a cinemática corre muito mais lentamente que o jogo em si.
Gostei também das performances vocais. O voice acting é bom. Não é original, nem me parece propriamente inovador, acho mesmo que os personagens são perfeitos estereótipos, mas mesmo para fazer algo inimaginativo há que ter brio no que se faz e os actores pareceram-me muito bem escolhidos. Também os efeitos sonoros são impecáveis, muito imersivos. Não é fácil fazer isto no meio duma confusão de corpos, tiros e diferentes meios, mas mesmo nos momentos mais tensos e confusos, caso estivesse com atenção, creio que conseguiria distinguir de onde era disparado cada tiro, de onde voava cada avião, onde andava cada tanque. Eu tenho apenas uns headphones simples, os velhinhos Audio Technica MX50 e não é comum eu ter som tão detalhado e vívido como tive neste jogo.
Com isto acabo a componente mais técnica, porque não fiquei propriamente impressionado com o resto.
Como sabem eu costumo jogar os jogos pela campanha e fiquei genuinamente desiludido com a campanha de COD: WW II. Não posso dizer que tenha sido má, mas é absolutamente genérica, pontuada de clichés e com curiosas reintrepretações de momentos históricos. Não há um momento emblemático para eu recordar, e mesmo aqueles que nos tentam enfiar pela goela são tão mal construídos que ao chegar àquele momento chave não temos a mínima empatia pela pessoa que deveríamos ter, logo a situação não bate. Limitamo-nos a avançar com um encolher de ombros.
Há também a tentativa de abordar alguns temas mais polémicos, mas isso é feito de forma tão ligeira que a maioria das vezes até se criam situações estranhas e algo patéticas, tanto que algumas mais valia nem terem sido lá enfiadas.
Admitindo que o gunplay é realmente excelente, continuando a ser para mim dos melhores que tenho experienciado, o jogo é completamente em carris, conduzindo-nos duma ponta à outra sem nos dar grande opção para tomarmos qualquer tipo de decisão. As decisões são sempre tomadas por nós, e mal nos desviamos um bocado alguém nos chama para voltarmos ao palco.
Há uma tentativa de dar diversidade ao gameplay, existindo missões de stealth, infiltração e mesmo uma de aviões, em que temos uma péssima versão de dogfights que achei extremamente aborrecida.
E com isto cheguei ao fim do jogo. Não me lembro bem do início ou do meio. Joguei por cerca de 6 horas em dificuldade média. Não foi bom nem mau, muito pelo contrário.
Também tinha imensa curiosidade com o modo dos Nazis Zombies, mas nesta altura já não é divertido jogar. Há sempre gente disponível, mas parece-me que os servidores são P2P e em 3 jogos que tentei jogar não consegui acabar nenhum. A meio havia uma mensagem a dizer que tinham de realocar o servidor, provavelmente por desistência do host, seguido duma mensagem de erro.
O modo é somente uma reskin dos habituais cooperativos de 4 pessoas contra o computador, nada de especial e menos especial se torna quando temos pings gigantescos que nos fazem disparar para inimigos que já estão noutros locais quando disparamos, e criam uma total assincronia entre o que via e o que acontecia. Para isto o jogo já está velho.
Por curiosidade fui ver o preço do jogo no Steam. Ainda está a full price. Casualmente agora está em promoção, mas com uma campanha tão curta e desinteressante e um multijogador já semi-abandonado nem daria, nem recomendo que gastem, 20€ neste jogo. Certamente encontrarão melhor ao mesmo preço.