
Caçada Semanal #239
Culpem o Super Mario Bros. da total ubiquidade dos jogos de plataformas no mercado. Já existiam jogos do género anteriores que o faziam – alguns verdadeiros sucessos de venda – mas foi mesmo o canalizador que transformou os platformers num género que tem sido omnipresente nas nossas vidas. E os criadores indie, influenciados por uma vida de contacto com Mario, vão eternizando esta tendência.
Os 2 platformers que trazemos são bem diferentes, mas mantêm, com abordagens distintas, a chama do género viva.
OkunoKA Madness [PC, Switch, PS4, Xbox One]

Há uma linha condutora nos dois indies desta semana, é que cada um deles emula o sucesso de dois platformers muito distintos. A inspiração deste OkunoKA Madness é Super Meat Boy, com o seu desafio febril e os seus saltos milimétricos.
Com uma direcção artística bem diferente do quase bicromatismo sádico de McMillen, OkunoKA Madness apresenta-nos 100 níveis frustrantes e 5 bosses onde parece que cada pedaço de nível foi feito para nos matar e nos fazer voltar ao início.

Este masocore platformers (um neologismo que aprendi recentemente) não se fica apenas pela habilidade de saltar e fazer: temos também a possibilidade de tornar intangíveis algumas plataformas, permitindo que resolvamos os puzzles de level design, mas também que possamos utilizar algumas delas como escudo aos projécteis que teimam em querer matar-nos.

Para todos os fãs de Super Meat Boy, OkunoKA Madness é uma forma de saciarem a vossa fome masoquista até a sequela do famoso jogo de McMillen não chegar às lojas.
https://www.youtube.com/watch?v=5Iq6uhsGyNQ&ab_channel=ETTrailer
Projection: First Light [PC, Switch, PS4, Xbox One]

Se OkunoKA Madness se inspira em Super Meat Boy, Projection: First Light é quase decalcado não só da estética mas também da abordagem de Limbo. Um quase subgénero de jogos de plataforma que começam quase a ser saturantes, em alguns dos casos, por terem tão poucos elementos diferenciadores entre si.
Apesar de Projection: First Light ter uma direcção artística semelhante a Limbo, a realidade é que a justificação para a utilização das silhuetas contrastadas com o fundo tem maiores ligações conceptuais às mecânicas do jogo. Este não é apenas um jogo no limbo das semelhanças óbvias com Limbo – passando o pleonasmo – mas sim um título sobre a utilização das projecções de focos de luz, em que todos os personagens e cenários são fantoches de teatros de sombra.

As luzes e sombras, são, aliás, o foco (literal) deste jogo, já que plataformas aparentemente inalcançáveis deixam de o ser ao projectarmos uma sombra que permite à nossa protagonista andar e escalar como se de uma plataforma normal se tratasse.
Esta materialização das sombras é um conceito mecânico interessante e que se interliga na perfeição com o tom mais melancólico do enredo, em palavras, que vamos descortinando.

Não sendo uma mecânica inovadora, Projection: First Light consegue ser mais que um mero clone do Limbo, apesar das comparações serem inevitáveis.













