Eu gosto de jogar tudo e mais alguma coisa que seja original, e várias que não sejam originais, mas um jogo que arrisque e prometa ser diferente capta logo a minha atenção (excetuando, talvez, jogos de racing).

Anodyne 2 parecia prometer isso, um jogo indie, com aquele feel nostálgico de PlayStation 1, dois tipos completamente diferentes de gameplay: 3D e 2D, e supostamente um foco na narrativa.

E até havia gente a corroborar isso:

Em que armadilha fui cair eu.

Anodyne 2 é … basicamente tudo aquilo que descobres nos primeiros 10 minutos de jogo, aliás… atrevo-me até a dizer que este jogo foi o meu Suicide Squad de 2021 (o antigo, que o novo ainda não saiu): Oopessoal fala dele, tem algo por trás já desenvolvido (Anodyne 1) e o trailer... é a melhor parte de toda a experiência.

Nada surpreende em Anodyne 2, a jogabilidade em 3D é meramente exploratória, com uns saltos aqui e acolá para chegar a sítios mais altos, mas resume-se a andar para cima e para baixo para falar com este ou aquele personagem.

Quando encontramos a personagem que procuramos, normalmente doente devido ao pó que se acumulou no corpo dela, e depois de uma série de parágrafos de diálogo, passámos para o jogo de transição entre realidades. Onde temos que carregar numa das 4 direções ao mesmo tempo que uma seta colorida chega à nossa beira.

Passando essa fase vem a melhor parte do jogo, o mundo em 2D, que tenho a dizer, bastante bem conseguido visualmente, mas também não deixa saudades.

Uma repetição da fórmula já gasta de arrastar e empurrar peças contra botões / contra barreiras, etc com um pequeno twist: TEMOS UM ASPIRADOR!

Podemos usar o nosso aspirador para interagir com algumas partes do mundo, absorvendo-as e podendo disparar posteriormente na direção para onde estivermos virados, o que cria algum potencial para maior profundidade nos puzzles, volto a referir, uma das únicas partes “divertidas do jogo”.

Apesar disso, não há inovação ou mistério suficiente ao longo do jogo para justificar todas as horas necessárias para terminar os vários andares do elevador que nos leva aos mundos de Anodyne 2, é simplesmente uma repetição de: há mais personagens lá em cima, vai lá falar com elas, joga o minijogo e depois resolve mais uma variação mínima dos puzzles que já encontraste.

E o mundo em 3D é tão… vazio! Viajar entre andares de elevador e através dos mundos de Anodyne 2, parecia mais uma tarefa do que gameplay, as coisas são longe umas das outras, sem nada para fazer entre elas (ao menos temos um veículo para acelerar o processo, mas não é de perto suficiente).

Ponto positivo para certas partes da escrita, a história é envolvente e bem pensada, com bastantes piadas pelo meio, com uma progressão inesperada ligada ao gameplay a certo ponto que não posso revelar sem spoilers, mas penso que seja o ponto forte de toda a experiência, apesar de algumas partes serem desnecessariamente confusas.

Em suma… não recomendo de todo, um estilo visual interessante e uma história bem pensada não salvam Anodyne 2 de ser extremamente aborrecido em termos de gameplay, principalmente para mim que sou um fã deste estilo de jogo. Talvez para os fãs do primeiro exista um click que não aconteceu comigo, mas parece-me que até a história é bastante independente.