Embora eu goste de farming simulators, há algo de intrínseco aos meus gostos que faz com que tendencialmente não sinta qualquer apelo por aqueles similares a Stardew Valley. Isto tinha sido verdade até ter ficado completamente viciado em Coral Island, mesmo este ainda estando cheio de placeholders quando o joguei. Com este sentimento de dúvida decidi experimentar Behind the Horizon e percebi que Coral Island deve ser mesmo a excepção que confirma a regra. 

Como já disse, Behind the Horizon é um farming simulator visto de cima a fazer lembrar Stardew Valley 

Graficamente também em pixel art, mas onde apenas os nossos personagens parecem únicos, sendo de tal forma distintos de todos os assets que nem parecem encaixar bem no restante cenário, já que existe uma clara assimetria de qualidade para tudo o resto. 

A música e efeitos sonoros mantém a qualidade baixa. A música claramente entra quando mudamos de área e quando acabar, acabou. Pára e pronto. De uma forma geral os efeitos sonoros, quando existem, são aceitáveis, excepto o cair das árvores que fazem uma chinfrineira ao cair que, cada vez que o ouço me apetece arrancar os tímpanos com um gancho. 

A história é tão rebuscada como qualquer outra, mas é coerente e funciona como boa linha condutora não só no bastante extenso tutorial como no restante tempo que decidirmos continuar a jogar, e podemos enterrar centenas de horas em Behind the Horizon 

Continuando na história, neste jogo não dependemos somente das missões para sabermos o que está a acontecer, já que existem imensos momentos de cinemática que nos explicam alguns eventos mais difíceis de explicar por acções, e também encontramos várias páginas de diários que relatam eventos que aguçam a nossa curiosidade para o que está a acontecer. 

O tutorial é bastante completo, com um sistema de missões que simplesmente nos explica tudo sem nos dar muita coisa, abrindo espaço para, quando o jogo começa mesmo a avançar, sabermos o que fazer e onde nos dirigirmos para o fazer. Embora ao jogar não pareça, é no fim deste que o jogo verdadeiramente começa. 

Há alguns problemas no sistema de missões, porque algumas só contam como feitas se estiverem selecionadas, já que o jogo não reconhece posteriormente que já as fizemos. Há um mapa que sinaliza onde nos devemos dirigir, mas demorei um bocado a perceber isso. 

No que toca à agropecuária em si, Behind the Horizon é bastante convencional. Semeamos o que temos a semear no solo onde cresce, regamos, esperamos que cresça, colhemos, fertilizamos a terra e repetimos. O facto de chover bastante poupa muito trabalho. 

Com os animais também não há nada de novo. Fazemos os cercados, alimentamo-los e colhemos os seus produtos. 

Tudo isto serve para vender directamente ou fazer receitas para uso, troca ou venda. 

Também já esperamos as habituais masmorras, e aqui demoramos bastante tempo a lhes poder aceder, tanto que isso se torna uma piada recorrente nas missões. A luta pode ser corpo a corpo, à distância com armas físicas ou com magia que vamos aprendendo gradualmente. A mecânicas de luta são rudimentares e fornecem muito pouco feedback, o que as torna pouco satisfatórias, o que é pena porque este componente é imprescindível à progressão, para além de usualmente ser muito divertido, o que me levou a só recorrer a ele quando necessário. 

A componente relacional também existe, sendo que vamos criando amizade com os diferentes habitantes do vilarejo vizinho, mas não joguei o tempo suficiente para ver até onde podíamos desenvolver estas interacções. 

Há um sistema de fast travel que facilita imenso a deslocação entre diferentes localizações, apenas temos que ir descobrindo os pontos e activando. 

Claro que há alguns glitches e falhas de tradução, mas nada que atrapalhe, e continuo a embirrar com os horários das lojas, que embora seja bastante imersivo, me irrita porque não gosto de esperar pelas horas certas para fazer o que quero, mas isso sou eu. 

Behind the Horizon é um jogo interessante e que provavelmente irá entreter os fãs do género que já jogaram muitos outros e querem agora algo diferente, e creio ser esse o espaço de Behind the Horizon, um lavar de olhos, como quando eu me cansava de Overwatch ia dar uma ou duas partidinhas de Paladins para desenjoar antes de voltar ao produto superior. Haver produtos claramente melhores que Behind the Horizon ao mesmo preço joga contra ele, e é muito difícil concorrer contra Stardew Valley, especialmente quando ao lado dele parece o seu clone da Temu…