
Ultimamente a minha vontade de descobrir novos jogos tem estado nos mínimos Olímpicos e isso muito se deve a uma série anormal de desilusões que culminou neste Altheia – The Wrath of Afteri, que parecia ter tudo para ser uma óptima surpresa, mas acabou por falhar na maioria dos capítulos.
Altheia – The Wrath of Afteri mistura um pouco de diversos conceitos. Tem elementos de géneros como puzzles, plataformas, RPG, aventura, metroidvania e acção. O conjunto resulta bem, as sinergias são positivas, bem encaixadas e perfeitamente adaptadas à história.
A história serve um pouco para manter as pontas unidas, mas não é nada má com um ou outro momento de maior interesse. Jogamos como Lili, uma heroína que foge desesperadamente ao título de Guardiã, e Sadi, um monge que ainda não concluiu o seu treino. Estes personagens juntaram-se após uma série de infelizes eventos e no seu caminho terão de enfrentar Aferi, o vilão que espalha o Vazio e corrompe almas por toda a terra! Serve perfeitamente.

Teria ajudado o voice acting ter sido total e não apenas parcial, ou mesmo a que existe ser um pouco mais expressiva, havendo mesmo momentos em que parece que faltam efeitos sonoros, mas considerem que já ouvi pior, especialmente porque a música é calma e adequada aos momentos da acção.
Os gráficos são em cel-shaded, opção que usualmente não falha, criando invariavelmente jogos bonitos que acabam por se tornar intemporais nesse aspecto. Foi esse o motivo que me fez pedir o jogo. É bastante bonito, transmitindo à nossa vista uma fluidez que não se verifica quando pegamos no comando.
Ao pegar no comando é que tudo começa gradualmente a ruir. Não tudo de uma vez, mas gradualmente, consoante vamos percebendo que cada nova mecânica acarreta um novo problema, que cada novo espaço apresenta novos glitches no cenário.

Altheia – The Wrath of Aferi tenta reproduzir momentos de solo co-op, ou seja, um jogo para um jogador, mas em que controlamos dois personagens ao mesmo tempo, quer para resolver puzzles, quer para lutar, mas esta transição não existe sem os seus problemas, sendo isso muito mais notório quando lutamos, pois alguns dos controlos não funcionam sempre á primeira, por vezes nem à segunda, tornando a transição entre as diferentes mecânicas um verdadeiro suplício. Para além disso, é comum os inimigos ficarem presos dentro do cenário e termos de andar a bater nas paredes para concluirmos uma sequência de luta e podermos prosseguir na história.
Não melhora muito nas secções de plataformas, de forma muito marcada quando escalamos, momentos em que não conseguimos olhar para os lados, tornando alguns dos saltos uma questão de fé, ou de tentativa e erro, já que não percebemos bem para onde temos que ir.
Gostei dos puzzles. São relativamente simples, mas bons para mostrar o potencial criativo da sua concepção e resolução, aqui sim com a colaboração entre os dois personagens a funcionar bem, uma espécie de Brothers: A Tale of Two Sons da Wish, mas que mesmo assim cumpre bem o seu propósito. Mesmo assim, estes momentos não estão isentos de falhas, já que só conseguimos interagir com algumas das alavancas em posições muito específicas, e conseguimos interações através de paredes, subvertendo o propósito de alguns dos momentos.

Há uma tentativa declarada de transmitir uma imagem colada à franquia Zelda, mas não se fiem nisso, já que mesmo os jogos mais antigos em corredor estão a anos-luz no refinamento, e em nenhum momento um jogo me fez lembrar o outro.
Considerando que agora estou a jogar Hollow Night: Silksong, percebemos com a existência de um mapa bastante prático que há comodidades que não podemos dar como adquiridas, mas ainda bem que o estúdio MarsLit Games percebeu que não fazia sentido tirar essas opções de qualidade de vida, até incluindo o fast travel.
Altheia – The Wrath of Aferi é como um político. Promete, promete, promete e na hora da verdade fica-se pelas intenções. Por outro preço eu até diria que valia a pena dar uma perninha, mas por 20€ eu não tocaria nele.













