Andei algum tempo a seguir Ruffy and the Riverside, mas nunca tive acesso a pedi-lo, por isso quando o Querido Líder me pediu “Faz-m’isto” inicialmente até pensei que era um croissant. Não era, mas, se o fosse, era possível que não ficasse tão decepcionado.

Começo por dizer, após a frase anterior, que Ruffy and the Riverside não é um mau jogo nem para lá caminha, mas olhando para a arte e para o trailer, esperamos muito, muito, mas muito mais. Imaginam um jogo como Banjo e Kazooei ou Crash Bandicoot desenhados à mão com um estilo que parece inicialmente um upgrade a Paper Mario?

Soa muito bem.

Agora podia falar na queda do castelo de cartas, mas a verdade é que não chega bem a cair. Ruffy and the Riverside é tudo isto, apenas feito e misturado de forma estranha. É mesmo um jogo de puzzles e plataformas dentro de um mundo semi-aberto em 3D, mas o foco é muito maior na parte dos puzzles, é que nem se compara, e se no início tudo parece fresco, gradualmente começam a parecer algo repetitivos. Se o mundo semi-aberto em 3D é lindo, rapidamente percebemos os atalhos tomados, com todos os elementos desenhados à mão num aspecto de folha de papel a serem lindíssimos, misturados com outros que parecem saídos da Nintendo 64, e estou a ser lisonjeiro, porque me lembrei da Sega Saturn a espaços. Mesmo as plataformas, grande parte do tempo parecem nem sequer fazer falta, a serem simplesmente um acessório a tudo o que se passa, sendo essa simplicidade assolada a cada meia-hora por uma secção ridiculamente mais difícil de transpor sem qualquer razão aparente.

Ruffy and the Riverside está assente numa ideia que gerou uma mecânica divertida e carregada de potencial. Ruffy, uma espécie de ursinho que é o nosso personagem, tem a capacidade de absorver alguns materiais que posteriormente pode trocar por outros. Esta mecânica é giríssima e fresca por algumas horas. Podemos transformar pedra em madeira para a fazer flutuar, transformar cascatas em heras para as podermos escalar, resolver puzzles combinações de elementos, enfim, gostaria de dizer que poderíamos trocar uma miríade de deferentes materiais, mas isso não seria verdade, porque também aqui se nota que a equipa devia ser pequena, e as novas ideias, embora não parem de aparecer, essas novidades começam a ficar cada vez mais intervaladas.

Há uma história que conduz a acção. Não é muito original, nem especialmente entusiasmante, e o pior é que leva a imensos momentos de diálogo que boa parte das vezes gostaríamos de evitar. Há tanta conversa em Ruffy and the Riverside

Admito que há alguma conversa gira, com piadas que pontualmente resultam e algumas referências à cultura pop que encaixam bem aqui e ali. Infelizmente o nosso companheiro de aventura, a abelha Pip que nos permite realizar uma espécie de movimento de planador após o nosso salto, carregando-nos por um bocadinho, é chata e com uma personalidade demasiado díspar do que aparece no ecrã, o que invariavelmente corta a imersão.

Outro componente importante do jogo é encontrar itens coleccionáveis, como borboletas, ou batatas…

Também há alguma acção envolvida no jogo. Podemos correr por um bocado e atacar, quer saltando em cima de alguns inimigos ou mesmo aplicando aquilo que vulgarmente se chama um murro na tromba. Não há aqui grande ciência, no fundo é só descobrir o que resulta com cada inimigo ou boss. Já que falo nestes, admito que são criativos, bastando para os derrotar, perceber como se faz, após isso o processo não é complicado.

Ruffy and the Riverside tem uma inspiração muito grande em algumas franquias da Nintendo, com Mario à cabeça, sendo que isso não atrapalha em nada a sua criatividade e originalidade, apenas está a anos luz dos jogos que tenta homenagear em termos de qualidade.

Por 20€ Ruffy and the Riverside parece estar no preço certo, embora sem o Fernando Mendes a anunciá-lo. Não ficará na minha memória dado me ter começado a aborrecer demasiado cedo, mas tem boas ideias assentes numa mecânica de troca muito original que é a peça central de todo o jogo. É certo que poderia ter sido melhor explorada, mas mesmo assim há aqui muito de interessante para dizer que o jogo é mau.